quinta-feira, 17 de setembro de 2009

ESTUDANTE BRASILEIRO


Estudante, estudar é preciso!

O dia 11 de agosto é o marco temporal comemorativo do dia do Estudante. Mas será que é um momento de festa merecida ou um tempo crítico passível de uma reflexão sobre o comportamento desdenhoso do estudante para com a educação que lhe é fornecida, sobretudo na escola pública? A resposta a este questionamento perpassa pela busca de esclarecimentos sobre as seguintes questões:

O que é ser um estudante? Como é ser um estudante? E por que ser um estudante?

São indagações que, sobretudo neste dia, não podemos deixar de fazê-las sob o risco de sermos omissos diante da visível falta de compromisso que os discentes na sua grande maioria apresentam em relação a sua própria formação intelectual e/ou profissional. Tudo indica que para o estudante tal formação é inútil. Pois, o que lhe interessa mesmo é ter “algo útil” (um objeto qualquer), e de imediato, para ser consumido e, em seguida, também, descartado imediatamente. Podemos afirmar que o estudante contemporâneo está sofrendo sobretudo da “gula do ter algo”, não importa-lhe como e por que. Isto é aterrorizante. Porque tal fenômeno implica não só numa ameaça à própria vida do estudante, assim como, às futuras gerações e ao equilíbrio natural do planeta, a medida que a “cultura do ter” cresce geometricamente, enquanto os passos que são dados rumo à “cultura do ser” ocorre aritmeticamente.

Desse modo, engana-se quem acha que ser estudante é simplesmente matricular-se num colégio, e pegar a carteira de meia - passagem para circular nos ônibus urbanos. Engana-se quem acha que ser estudante é chegar às pressas em casa, vindo de algum lugar, tomar ou não um banho, pegar a primeira roupa que vê pela frente (sorte da farda escolar se for ela), olhar rapidamente o local mais esquecido de sua residência e dele pegar, com desdém e violência, o caderno de anotações e/ou o livro didático vigente, para ir à escola.

Engana-se quem acha que ser estudante consiste em conduzir tais materiais de estudos à escola como se fossem, ao mesmo tempo, a sua cruz sendo conduzida ao calvário. Engana-se quem acha que ser estudante é, no trajeto para a escola ou nela, não titubear em cometer inúmeras indelicadezas, falta de educação, desrespeito para com os outros e consigo mesmo, contravenções, e pasmem algum tipo de crime.

Engana-se quem acha que ser estudante é viver opinando que não há tempo para estudar, mas passar horas conversando com os colegas as mais variadas bobagens da vida cotidiana ou da própria imaginação fértil, antes das aulas e até durante as mesmas. E quem, raramente ou nunca, procura os docentes para fomentar determinado assunto.

Engana-se quem acha que ser estudante é ir à escola quando bem entender; sobretudo no dia de uma prova avaliativa de conhecimento. Achando que é neste momento que elucidará o processo de sua formação. Igualmente, engana-se quem acha que ser estudante é ficar entrando e saindo de uma sala de aula por motivo fútil, atrapalhando o bom andamento do trabalho educacional.

Engana-se quem acha que ser estudante é considerar, confusamente, que a escola pública, por ser gratuita, não tem valor financeiro; que tal gratuidade provém do nada ou do além. E, por isso, acredita que sua lida consiste simplesmente em consumi-la, destruí-la como qualquer outro produto desprazível que ele(a) possa ter, sem o mínimo sequer de esforço pessoal.

Caro estudante, são muitas as pessoas que querem incutir na sua mente que a escola pública não presta, que o ensino público é bastante decadente, e o mais perigoso ainda, que você, estudante da rede pública de ensino, não tem sonhos. Que você , caro estudante, é uma espécie de estudante autômato (... um robô) que vai à escola simplesmente por ir... Mas, caro estudante, nenhuma dessas pessoas é tão nociva à sua formação intelectual e/ou profissional, e a educação pública, quanto você mesmo; caso você faça parte dessas pessoas.

Caro estudante, não permita semelhante sabotagem contra si próprio. Você quer ter algo, não é? Então tenha sonhos concretizáveis. Lute por eles. Faça esforço mental por eles. Pense, sistematicamente, no seu legado para as gerações vindouras. Não espere por todos para você fazer o que você, e somente você deve realizar. Saia imediatamente do marasmo. Pense, fale e aja em seu benefício, de sua família, de sua escola, de seu bairro, de seu município, de seu estado, de seu país (Brasil), e do planeta terra.

Caro estudante, você usufrui de um direito seu: à educação pública gratuita. Em contra partida, você deve honrar cada centavo de real investido na sua trajetória educacional não só pelo menos provido de nossos concidadãos, mas também pelo mais abastado.

Sinta, caro estudante, o esforço incondicional desses investidores anônimos. Imagine cada um deles dizendo a você no término de seus estudos: Caro estudante, muito obrigado(a) pelo seu esforço e desempenho escolar, para concretizar os seus sonhos! Eu sabia que o meu tributo à sua formação não estava sendo jogado fora, não estava sendo água a escorrer pelo ralo. Um forte abraço, meu amigo probo com a educação brasileira. Seremos mais felizes... em nossa sociedade.

Portanto, caro estudante, o como e o por quê de você ser o que é, no contexto educacional no qual você está incluso(a), depende sobretudo de você meu caro amigo(a)! Pois, a grandeza de seu sucesso e/ou de seu fracasso será avaliada, mensurado, superada ou reforçada não pelo que você fizer diante dele(s) no futuro, mas sobretudo, pelo que você determinar no âmbito de sua formação intelectual e/ou profissional, agora no presente momento de sua inserção socioeconômica e cultural.

Autor: Profº. de Filosofia Elias Nascimento


Foto: Tília Koudela

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